domenica 2 aprile 2017

MUNDO FIGU

Mais o menos um milhão de anos atrás, quando era ainda menina, não existiam os videogames, chat, cards. Mas as figurinhas, ah! As figurinhas, puxa vida, aquelas sim que existiam! Os meninos colecionavam os jogadores de futebol e as meninas as figurinhas dos animais e, mais tarde as dos personagens de Disney. As figurinhas, aliás as fígu, como as chamávamos, compravam-se em pacotinhos, ao preço de 50 liras cada um.  As primitivas, os dinossauros, tinham que ser esparramadas com cola no verso antes de deitá-las no lugar certo do álbum. Mais tarde,  tornaram-se modernas e autoadesivas. Ganhamos praticidade e perdemos a poesia, que foi embora através da  ampla janela do progresso.  No domingo, antes de comprar o frango assado de Di Pietro à Pirâmide, ia para a banca com meu pai: “mil liras”dizia como fosse um código. Logo em seguida brandia vinte pacotinhos recheados de felicidade. A pressa para abri-los , a fígu rara que pulava no meu colo dando-me uma piscadinha de olho ... A troca na escola era o seguinte: o vendedor segurava o bolo de fígu com a mão esquerda  e com a direita as passava uma a uma. O comprador recitava o mantra: “pra frente, pra frente, pára...”. Depois os papéis se invertiam. O mundo fígu acabou junto com a primeira série. Lembro que segurava entre o polegar e o indicador a raríssima fígu de  ETA-Beta, quase como tivesse em  minhas mãos o manuscrito de Dom Casmurro de Machado de Assis. Cheguei perto da Berti,  ela também cheia de paixão e voraz que nem eu. “Você a tem?”Virou a cara sem nem me responder.

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