martedì 2 agosto 2011

A declaração de amor do advogado



Meus pais, ainda jovens, encontraram-se por acaso na praia sem fim de Lingnano Sabbiadoro (Linhano Areiadourada). Ela com dezoito anos da região do Friúli, órfã do pai, com cabelo curtinho feito menino, enquanto que suas coetâneas dormiam com os bobs, ficava hospedada na casa de certos tios tão carregados de filhos de forma que um a mais ou um a menos...tanto faz! Ele, romano com vinte anos de idade, ou alguma coisa próxima disso, xodó da mãe dele, estudava para se tornar advogado, com medalhas e taças já na mão. Ele também era hospedado na casa de uma tia materna, que de filhos não tinha nenhum. Minha mãe, que via como pimenta nos olhos sua volta para San Giuliano, o sítio materno em Friúli, fez de tudo para que ele se apaixonasse. E ele acabou se apaixonando. Mas, sabe-se, a distância é como um forte vento que sopra pela proa. Dessa forma, após um rápido namorico de verão, de volta para Roma, meu pai, esquecido e cheio de sonhos na cabeça, à bonita moça do Friúli endereçou apenas um magricelo cartão postal. E depois disso, nada. Ela nem isso fez. Não sei se foi o “nada” dela ou se foi alguma outra coisa que acendeu a lembrança, mas meses mais tarde eis ele de novo aí em San Giuliano batendo à porta, com grande desapontamento da minha avó Stella (Estrela) que o considerou um ladrão a partir daquele momento, e para sempre.
Um belo dia, minha mãe me mostrou o cartão postal, filho único do seu encontro de amor. Na frente o caracol de chantilly, tal é a cúpula de Sant´Ivo alla Sapenza. No verso, só uma frase: “Fique jocosa”. A declaração de amor de um advogado...