lunedì 29 febbraio 2016

O pequeno Julio

Entre os Salinas, destacava-se pela beleza o penúltimo filho, que se chamava Júlio e era apenas um pouquinho maior do que Víviane. Bonito também quando cresceu, criança era um pequeno São Joãozinho  que encantava: olhos de flor-de-lis, cabelo encaracolados, perninhas rápidas que corriam aqui e lá. Dividia com Viviane um quarto com uma  sacadinha da qual era possível puxar os cabelos dos pínus que ao longo dos anos tornaram-se gigantes, ciclopes. À noite, às vezes, subia lá encima bem na hora em que chegava a bandeja dos “pequenos”. De acordo com as regras maternas, os filhos menores não podiam jantar junto com os outros, “os grandes”. Proibido, também, deixar comida nos pratos. A “tia”ia enlouquecer. Dessa forma que comia as abobrinhas de Viviam era eu, assim como os pimentões, que odiava, de Júlio.

Júlio, um palito loiro, tornou-se protagonista de um episódio lendário da mitologia familiar. Na primeira Eucaristia de um dos irmãos, com o jardim enfeitado feito um príncipe encantado, eis Júlio, olhos para baixo e cara comprida, engomado em uma alegre blusinha bordada com o colarinho redondo e rendado e num par de calças até o joelho da cor de anil. Nos pés um sapatinhos com dois buraquinhos na frente, que chamávamos “sandálias de óculos”, de couro e meias brancas bem apertada na altura a batata da perna. Ao fechar os olhos, consigo ainda vê-lo, um pinguinho de gente dourado, com os caracóis escondendo as orelhas e os braços amarrados por detrás. Certa hora, uma tia ou talvez simplesmente uma conhecida chegou perto e: “Qaul é seu nome graciosa menina?”Ele rugiu um “Júlio” cm voz de escuridão que parecia chegar diretamente do além.