Entre os Salinas,
destacava-se pela beleza o penúltimo filho, que se chamava Júlio e era apenas
um pouquinho maior do que Víviane. Bonito também quando cresceu, criança era um
pequeno São Joãozinho que encantava:
olhos de flor-de-lis, cabelo encaracolados, perninhas rápidas que corriam aqui
e lá. Dividia com Viviane um quarto com uma
sacadinha da qual era possível puxar os cabelos dos pínus que ao longo
dos anos tornaram-se gigantes, ciclopes. À noite, às vezes, subia lá encima bem
na hora em que chegava a bandeja dos “pequenos”. De acordo com as regras
maternas, os filhos menores não podiam jantar junto com os outros, “os
grandes”. Proibido, também, deixar comida nos pratos. A “tia”ia enlouquecer.
Dessa forma que comia as abobrinhas de Viviam era eu, assim como os pimentões,
que odiava, de Júlio.
Júlio, um
palito loiro, tornou-se protagonista de um episódio lendário da mitologia
familiar. Na primeira Eucaristia de um dos irmãos, com o jardim enfeitado feito
um príncipe encantado, eis Júlio, olhos para baixo e cara comprida, engomado em
uma alegre blusinha bordada com o colarinho redondo e rendado e num par de
calças até o joelho da cor de anil. Nos pés um sapatinhos com dois buraquinhos
na frente, que chamávamos “sandálias de óculos”, de couro e meias brancas bem
apertada na altura a batata da perna. Ao fechar os olhos, consigo ainda vê-lo,
um pinguinho de gente dourado, com os caracóis escondendo as orelhas e os
braços amarrados por detrás. Certa hora, uma tia ou talvez simplesmente uma
conhecida chegou perto e: “Qaul é seu nome graciosa menina?”Ele rugiu um
“Júlio” cm voz de escuridão que parecia chegar diretamente do além.
Nessun commento:
Posta un commento