Nos ensaios
escolares, destacava-me pela
translucidez. Com sete anos era uma macieira. No lugar do caule, uma
meia-calça de fibra elástica que
apertava tanto que parecia uma morsa de aço; no lugar dos ramos uma camiseta de
manga comprida com folhas e florzinhas brancas espalhadas ao seu redor; na
cabeça um falso ninho de pássaros com falsos ovos dentro. Tinha que ficar
imóvel no palco e movimentar os braços quando meu coleguinha, que era o vento,
saltitava em minha volta com uma manta preta e frouxa que, ao contrario,
deveria pairar alegremente. Morria de inveja ao ver minhas amiguinhas com
roupas de fadinhas ou de elfos dos bosques...Com onze anos, a
professora nos organizou num elegante coral. A gente tinha que cantar “Vá
Pensiero”, o cântico de São Francisco e uma miscelânea de trovas romanas.
Estava na terceira fileira, mas na minha frente se posicionou um vara-pau com
uma moita de cabelos pretos na cabeça,
neta de um ministro e descendente de um herói do Ressurgimento italiano.
Aniquilou-me e sumi da cena. Sorte pior ocorreu ao meu irmão Marco que deveria
cantar no coral do 9º ano. A professora calou todo mundo e, apontando em
direção do coitado, sentenciou : “você, menino loiro de olhos azuis na quinta
fileira, abra a boca, mas... não cante!”.
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