martedì 6 novembre 2012

Ensaios escolares


Nos ensaios escolares, destacava-me pela  translucidez. Com sete anos era uma macieira. No lugar do caule, uma meia-calça de  fibra elástica que apertava tanto que parecia uma morsa de aço; no lugar dos ramos uma camiseta de manga comprida com folhas e florzinhas brancas espalhadas ao seu redor; na cabeça um falso ninho de pássaros com falsos ovos dentro. Tinha que ficar imóvel no palco e movimentar os braços quando meu coleguinha, que era o vento, saltitava em minha volta com uma manta preta e frouxa que, ao contrario, deveria pairar alegremente. Morria de inveja ao ver minhas amiguinhas com roupas de fadinhas ou de elfos dos bosques...Com onze anos, a professora nos organizou num elegante coral. A gente tinha que cantar “Vá Pensiero”, o cântico de São Francisco e uma miscelânea de trovas romanas. Estava na terceira fileira, mas na minha frente se posicionou um vara-pau com uma moita de cabelos  pretos na cabeça, neta de um ministro e descendente de um herói do Ressurgimento italiano. Aniquilou-me e sumi da cena. Sorte pior ocorreu ao meu irmão Marco que deveria cantar no coral do 9º ano. A professora calou todo mundo e, apontando em direção do coitado, sentenciou : “você, menino loiro de olhos azuis na quinta fileira, abra a boca, mas... não cante!”.

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