martedì 7 giugno 2011

Rainha dos tecidos, ou melhor: Regina dos tecidos


Para minha mãe existiam apenas dois tipos de cores. Os “fáceis”, isto é, que podiam ser trajados e os “pelo-amor-de-deus”. Pertenciam ao primeiro tipo os tons café-com-leite, desde o bege pálido até o mais escuro dos marrons, o azul-marinho, a cor vinho, o preto e as cores de tom pastel: amarelinho, cor-de-rosa claro, anilzinho. Escaladas entre os “pelo-amor-de-deus” encontravam-se as cores gritantes, começando da cor-de-rosa brilhoso até o roxo. E o verde esmeralda? Pelo amor de deus! Motivo: esganada pela cor turquesa, morta pelo azul elétrico. Ostentava sempre a mesma segurança em escolher os tecidos, sejam eles utilizados para confeccionar vestidos, cortinas ou calças. Os “tecidinhos” eram condenados à pena perpétua, após tê-los testados entre o indicador e o polegar com aquele gesto que, mais tarde, vi fazer pelos lojistas para indicar o dinheiro vivo...

Sua sabedoria sobre os frutos do tear derivava das visitas ao atelier da costureira da minha avó Stella, sua mãe. A Senhora Spadari (provavelmente os antepassados dela já eram do ramo, fabricando armaduras sob medida e espadas) costurava vestidos, saias e “blusette” (apesar do nome, que em italiano poderia indicar que fossem azuis, de azul não tinham nada!) para ela e para minha avó. Na minha fantasia de menina, a Spadari resplendia como Excalibur. Para mim estava sentada no trono. No lugar do cetro, uma espada. “O corte, – dizia minha mãe – o corte é tudo!” Assim declarava guerra às costureirinhas baratas e aos tecidos acrílicos. “Que delícia este cretonne!”, “Uma maravilhosa crepe de Chine!”. Nas lojas de tecidos, minha mãe rodopiava feito uma sereia nas ondas, sob os olhares admirados dos vendedores, acostumados com bem diferentes bacharéis. Um dia, numa lojinha em Via delle Botteghe Oscure (Rua das lojas escuras), para poupar-se de estender-lhe o carpete vermelho, o zeloso vendedor resolveu oferecer-lhe o gole de boas-vindas. E ela com um sorriso tudo flor-de-lis e rosas: “Não, obrigada, sou ateia!”

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