mercoledì 13 giugno 2012

Éster


Quando minha mãe, que era já mãe de quatro filhos, soube que eu estava chegando, desmoronou feito um trapo frouxo e: “Mais um! Não acredito!” disse suspirando. Realmente, uma carinhosa acolhida. Até quase as águas quebrarem – assim me contou – ficou mudando de lugar móveis, talvez, sem saber, na esperança de perder-me. Mas, mais provavelmente, foi devido à mudança. Quiçá... Talvez se fechar os olhos consiga vê-la: ombro exprimido empurrando a face lateral da cômoda escura que domina a sala de estar, rosto contraído, uma mão protegendo a bochecha. Brilha, imaginado-a, uma barriga redondinha e alegre, que me dava aconchego, a despeito de toda a bagunça em volta. Nasci ligeira, ligeira: “feínha” de dar dó, olhos colados um ao outro, poucos cabelos pretos, sempre com o nariz escorrendo. Quando me tornei uma menina, floresci. Mas sempre adoentadinha fiquei. O nariz vivia constipado e no ouvido um chumacinho de algodão que, de acordo com os grandes conhecimentos médicos de minha mãe, ia me proteger da otite. Estava me dando como presente a ilusão de um mundo tom pastel. Dava umas tossidas de vez em quando, mas sempre afundando a cara no travesseiro, jamais queria perder a escola e ficar em casa. Com sete anos adoeci da misteriosíssima “quarta doença”, que fez com que tive que ficar três – diga-se três – meses em casa. Era primavera, quando finalmente saí pela primeira vez. Para proteger a cabeça, minha mãe me emprestou um lenço francês de pura seda, um dos muitos que tinha, cheio de cavalos, selas, chicotes, estribos. “O que você colocou na cabeça? Um estábulo?”  Foi a pergunta que me endereçou, como se fosse um balde de água gelada, um dos meus irmãos gêmeos...     


Nessun commento:

Posta un commento